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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

A curetagem

Olá a todas(os),
Tive alta do hospital domingo de manhã.
Este aborto foi muito difícil, psicologicamente.

Quero agradecer às enfermeiras das urgências do HSFX todo o apoio que me deram, em especial, às enfermeiras: Vera, Viviana, Maria José, Patricia e Joana. Quero também agradecer ás enfermeiras e auxiliares do 4º piso que me deram a atenção necessária na altura em que precisei.
Por último quero agradecer à Dra Paula, por ter sido atenciosa comigo e ter demonstrado ser uma boa profissional.

Vou contar-vos a minha saga no Hospital... e o motivo pelo qual fico muito triste, e envergonhada, com o nosso sistema nacional de saúde. E pelo qual vou apresentar uma reclamação à entidade responsável.

Na 5ª feira, à meia-noite tomei o primeiro comprimido Cytotec. Depois voltei a tomar às 4h e às 8h, e a seguir fui para o hospital, em jejum, como me tinha "mandado" o médico que detectou o aborto retido.

Fui atentida por uma médica, Drª Paula, que foi muito atenciosa comigo. Explicou-me o processo, (que eu , infelizmente, já conhecia) e colocou-me os comprimidos no colo do útero para provocar as contrações e dilatar o colo. A seguir faria-me a curetagem.

Por volta das 17 horas a médica vem ter comigo para me fazer a curetagem, mas na altura eu já tinha expulsado o bebé (que foi colocado num frasquinho para análise) e ainda estava a perder sangue e a expusar conteúdo uterino. Por este motivo resolveu esperar...até podia ser que saísse tudo naturalmente e isso evitaria a curetagem, o que seria óptimo.

No entanto, pouco tempo depois, as contracções acabaram e comecei a perder pouco sangue.
Fez-me uma eco e como ainda tinha restos decidiu avaçar para a curetagem. No entanto, tal não foi possível pois estava a decorrer uma cesariana de emergência. Decidiu então colocar oxitocina no soro para provocar novas contracções do útero.

Fiquei à espera... com esperança que tudo se resolvesse sem recorrer à anestesia geral.

Entretanto eram 21h, mudança de turno. Disseram-me que a equipa que iria entrar ao serviço iria reavaliar a minha situação e, ou avançaria para a curetagem, ou até poderia tentar mais "uma dose" de oxitocina.

Aí começou o meu pesadelo.

Fiquei à espera que os médicos aparecessem...

Às 2 da manhã, já um pouco furiosa, pedi que, se não me iriam fazer a curetagem nessa noite pelo menos me dessem de comer. Às 2 e meia lá me trouxeram um leite, pão e bolachas. Os médicos...nem vê-los...`

Acho que por volta das 5 da manhã um enfermeiro (ou seria médico...nem sei) veio ver se eu estava a perder sangue, e como perdia pouco mandaram-me para o 4º piso - internamento de ginecologia, dizendo-me "de manhã desce para lhe fazerem a curetagem". ( Pelo que percebi estavam com falta de camas nas urgências/recobro).

Na manhã seguinte, perguntei quando descia. Pelo que uma enfermeira me respondeu : "Ah! Se calhar não desce de manhã, eles estão muito ocupados, têm 3 curetagens e 1 cesariana."

E eu???????? O que estou cá a fazer??????

Comecei a entrar em desespero e desatei a chorar. As enfermeiras, e as auxiliares foram queridas e tentaram animar-me. Não me deixaram sozinha... telefonaram e insistiram com as médicas de serviço, pelo que passado um bocado lá fui eu novamente recambiada para a urgência, onde me fizeram uma eco que confirmou a necessidade de fazer a curetagem.

As médicas pareciam zangadas pois o "turno da noite" tinha deixado 3 curetagens por fazer. (Os tais médicos "fantasmas").

Este dia foi terrível para mim, do ponto de vista psicológico. O que vale é que tenho a Pipa e as lembranças dela, da gravidez dela e do parto iam me dando força. Posso não voltar a passar por esse momento maravilhoso, mas já o tive, pelo menos uma vez na vida (até sou sortuda). E isso ajudava-me naquele momento, em que à minha volta, só via grávidas a dirigirem-se para a casa de banho para mudarem de roupa e ficarem internadas para terem os seus bebés. Ouvia os batimentos cardiacos dos bebés durante os CTG... era duro.

No entanto, o facto de já ter expulsado o bebé, e portanto já não o ter, morto, na minha barriga tb me ajudava do ponto de vista psicológico.

Continuava à espera...em jejum. Fartei-me de chorar. Tentava -me controlar, especialmente quando comecei a partilhar o quarto com uma grávida, mas estava a ser muito difícil. Só queria ir-me embora, sair dali e ir para casa abraçar a Pipoquinha. Já não a via desde 5ª de manhã e nunca tinha estado tanto tempo sem ela. Nem falar ao telefone, com ela, podia pois não me deixaram ficar com nada meu.

As enfermeiras eram umas queridas, ouviam os meus desabafos, tentavam animar-me fazendo-me perguntas sobre a Pipa. Sempre que podiam, chamavam o Rui para me vir dar um miminho. E ele lá ficava comigo até alguém o mandar embora. (Ainda tentámos ligar à minha mãe para saber notícias ou falar com a Pipa, mas não tinhamos rede no quarto).

Éramos 3 para fazer curetagem. Quem seria a primeira?

As outras duas foram primeiro que eu. Apesar de terem entrado no Hospital depois de mim, mas perdiam mais sangue e o meu caso parecia estabilizado.

Da porta do meu quarto via -as a entrarem e a sairem do bloco operatório... estava ansiosa, e nervosa, à espera da minha vez.

A última saiu... Finalmente sou eu, pensei.

Mas, chegou uma grávida em trabalho de parto com a dilatação toda feita e um bebé transverso. Cesariana de emergência... as médicas e anestesistas começaram a correr em direcção a outro bloco.

Fiquei desiludida, mas compreendo perfeitamente o facto de eu ter ficado para trás... há situações muito mais importantes, e a vida daquele bebé e daquela mãe são muito mais importantes do que o meu sofrimento psicológico.

Durante umas horas parecia não existirem médicas na urgência do hospital. Já não chamavam ninguém que estava à espera para ser atendido nas urgências nem se viam a andar de um lado para o outro, nos corredores.

E eu continuava à espera...nesta fase estive mais calma, tive a companhia do Rui e sabia que a seguir seria a minha vez.

Mas, a cirugia acabou...e eu continuava à espera.

Estava sempre a perguntar às enfermeiras quando era a minha vez. Elas diziam-me para ter paciência... uma delas dizia-me que estava a pressionar as médicas para me atenderem. As próprias enfermeiras pareciam solidárias comigo e compreendiam o meu sofrimento.

Perto das 19 horas vêm-me dar más noticias : "já não me iam fazer a curetagem".

Desesperei. Disse que me queria ir embora, o que estava ali a fazer desde a véspera e em jejum??? Já pensava sair dali e ir a uma urgência de outro hospital ou até para o privado e pagar pela curetagem...já não aguentava mais a pressão psicológica.

O Rui entretanto apanhou também uma das médicas e começou a refilar.

O que é certo é que 5 minutos depois, já eu estava no bloco operatório. FINALMENTE às 19.30 era a minha vez de acabar com este sofrimento.

Ainda tive um ataque de choro na sala de operações. Não era só pela tensão que sentia e pela vontade de sair dali, mas era o facto de comparar esta situação ao primeiro aborto que fiz, nesse caso no HGO, em que estava de mais tempo de gravidez, mas tinha uma "CUNHA" no Hospital e isso, INFELIZMENTE no nosso país, parece fazer toda a diferença.

As médicas anestesistas foram super queridas, lá me acalmaram e adormeci.

Finalmente acabou!!!

Quando acordei da anestesia parecia outra pessoa. Voltei a ter força. Voltei a ter esperança no futuro. Voltei a sorrir.

Quase que tive alta no sábado às 11 da noite, mas o facto de ter perdido muito sangue, na véspera na altura da expulsão, e a minha tensão estar a 7-3, não me deixaram sair. Fizeram uma análise ao sangue, mas felizmente não precisei de levar trasnfusão.

Saí domingo de manhã. :-)

Agora ainda estou a recuperar fisicamente. Sinto-me cansada. Não tenho fome. E ando enjoada (especialmente à noite), não sei se ainda não serão enjoos provocados pelas hormonas da gravidez.

Psicologicamente vou estando melhor. Já me adaptei à ideia de que já não estou grávida. Apesar de me sentir muito triste,de vez em quando, mas o tempo há-de curar... cura tudo!!

E não vou desistir!!!! Vou fazer exames e tenho esperança de poder voltar a tentar engravidar. E essa esperança dá-me força e anima-me.

Se tiver que desistir...pelo menos tenho a minha querida filhota que ADORO!!!!!!!!!!!!

E desculpem o testamento.......




7 comentários:

alma disse...

que sofrimento linda! Já não bastava o sofrimento psicológico e fisico que tens de passar e ainda te fazem passar por isto!
Possa... nem acredito!
Quando estive a fazer a curetagem do meu primeiro bebe também me aconteceu uma coisa parecida.. até que a minha mãe conhecia uma médica lá dentro e ela tratou de tudo... senão penso que teria sido bem pior!
Força linda
beijinhos grandes
cate

Diana disse...

Oh amiga, nem acreditei quando li o título do teu post.
Há muito tempo que não vinha cá, e fikei muito triste quando li.
Nunca pensei... :,(

Amiga força, eu sei que as palavras às vezes não ajudam muito mas pensa na tua menina, aliás são sempre eles que nos dão forças quando precisamos, não é?

E acredito que um dia vais dar um mano ou mana à Pipinha, e vais voltar a sentir o que é ter um bébé dentro de ti.

Não desanimes, porque eu sempre ouvi dizer, o que não nos mata torna-nos mais forte. E eu sei que és uma mulher muito forte, passaste pelo que passaste e a tua esperança não se foi.

Força amiga, estou aqui para o que precisares.

Um beijo muito grande no teu coração e outro enorme para a minha "sobrinha" linda :)

isidro.diana@gmail.com

eu disse...

eu desde o posta abaixo que estou sem palavras.......continuo sme palavras...
tanto sofrimento...
bjs gds e FORÇA!

Luna disse...

nem acredito no que leio, td tenha acabado outra vez desta maneira, o que passas-te no hospital fizeste mto bem fazeres queixa, raios dos medicos deviam ter ido pôr todos a dormir coitado quem precisa!
desculpa tocar no assunto mas o que dizem os medicos dos abortos de repitição?
bjocas
Luna

Paula disse...

Descansa agora. Já passou.
Um beijinho muito, muito grande.
Paula Sofia

Aninhas disse...

Meu Deus...nem sei o que te diga...
Nunca desistas..NUNCA.

Também estive no HSFXavier com uma das minhas meninas internadas, quase na mesma altura...já passou.

Descansa, cuida de ti,..e não te esquecas..NUNCA DESISTAS,pfavor.
1 bjo enorme.

InêsN disse...

um beijinho mto grande...