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quinta-feira, abril 27, 2006

Partos

Hoje enquanto navegava pelos blogues cheguei a este e fiquei angustiada com o que li. Como é possível isto passar-se nos nossos hospitais? É para "isto" que servem os nossos impostos?
Não existe desculpa para que uma parteira/auxiliar/enfermeira trate uma mulher que está a dar à luz desta maneira. Não se pode humilhar uma mulher que está frágil, que está a passar por um momento que pode, e deve, ser maravilhoso, mas que está envolto em dor e em grande ansiedade. Por muito "mal" que uma mãe se porte (se é que faz sentido dizer isto), os profissionais de saúde deverão estar lá para ajudar, ter paciência e alcalmar a pessoa, nunca deverão fazer o contrário levando a mãe ao desespero.
Isto fez-me penser nas minhas experiências de aborto provocado e parto. Em ambas fui bem acompanhada, mas em ambas também houve uma "ovelha negra" que me fez sofrer.
Quando abortei (e note-se que o aborto já implicou dilatação e expulsão) fui acarinhada por quase todos os profissionais de saúde que me acompanharam ao longo daquele, horrível dia, no hospital Garcia de Orta. Tinha as dores da dilatação e estava a abortar um filho extremamente desejado, mas tinha o Rui ao meu lado, a ajudar-me psicologicamente, e tinha pessoas carinhosas a obervarem-me e a ajudarem-me a ultrapassar aquele momento negativo.
Numa altura em que o Rui teve que sair, porque os pais não podiam passar a noite no hospital, veio uma auxiliar (imagino eu) medir-me a temperatura e eu disse-lhe que estava com dores (uma enfermeira tinha-me dito para avisar se estivesse com muitas dores) ela olhou para mim, com um ar de desprezo, e disse-me "É mesmo para ter dores" e virou a cara e foi-se embora. A forma como falou comigo e o meu estado fragilizado fizeram-me ir um pouco a baixo. Eu sabia que iria ter dores mas ela não precisava de me dizer aquilo daquela maneira. O que valeu é que passado algum tempo apareceu outra enfermeira, esta muito querida, que me acompanhou até à expulsão do bebé, e esta com uma postura completamente diferente. Felizmente nunca mais vi a cara daquela mulher sem sensibilidade e naquela noite nunca mais voltou ao meu quarto.
O dia podia-lhe estar a correr mal, a vida podia estar-lhe a correr mal, ela poderia ser contra o aborto...sei lá...mas era o trabalho dela, ela é uma profissional de saúde, não pode ter comportamentos destes. Ninguém tem o direito de responder mal a outros, simplesmente porque está mal disposta.
Durante o parto da Filipa também houve uma profissional "ranhosa". Quando entrei para a sala de partos, eram 15:30, uma enfermeira dizia para outra que eu ia ter um bebé de percentil 90 e iam-me provocar o parto ( e note-se que eu já sabia que estava em trabalho de parto). Disse-lhe que devia haver algum engano, mas ela não me ligou nenhuma. Comei a ficar ansiosa. Fiquei sozinha numa box, com dores, à espera que aparecesse alguém(não sei quanto tempo, mas parecia uma eternidade). Só passado algum tempo, quando uma médica me veio ver, e que eu lhe chamei a atenção de que havia algum erro, é que se aperceberam que tinham trocado os processos. Se a "outra" me tivesse perguntado o nome, ou me tivesse ligado, talvez aqueles momentos de angustia não tivessem existido e talvez eu tivesse tido tempo de ter levado epidural. Mas, felizmente, depois apareceu uma parteira, muito atenciosa e muito humana, que me ajudou a trazer à luz a minha filhota, tornando aquele o dia mais feliz da minha vida (com muitas dores e tudo) e do Rui também, e transformando o parto num momento muito especial (que eu já vos contei).

Eu sei que em todo o lado há bons profissionais e maus profoissionais, mas nos casos, em que um mau proffiossional provoca tanto sofrimento, deveria haver alguém com mais atenção. Não serão avaliados no seu trabalho? Se há excesso de funcionários na função pública que despeçam quem está na profissão errada. Com certeza haverá muito boa gente para esses lugares. E mesmo que uma pessoa queira fazer queixa, nem sabe o nome da pessoa que a maltratou pois naqueles momentos de tensão nem se lembrou de lhe perguntar nome e claro, que essa pessoa, também não lhe disse.

Será que existem pessoas assim em todos os hospitais???? Não deverá haver mais formação para o pessoal hospitalar?
Sejamos mais humanos e tentemos não magoar os sentimentos de quem se cruza connosco, especialmente daqueles que estão mais fragilizados (que são quase todas as pessoas que estão internadoas nos hospitais)

6 comentários:

Unknown disse...

Oi Cristina, tudo bem? Seu desabafo me emocionou e pensei se está disposta a abordar no meu blog Desabafo de Mãe por meio de uma entrevista via email falar da dor de um aborto. Segue meu email e blog:
ceilasan@gmail.com
http://desabafodemae.blogspot.com

Rita disse...

Como eu te compreendo... quando li isto lembrei-me do meu parto, lembrei-me das pérolas com que me acariciaram...
"já sabem que dói para que é que os têm", "esteja calada", "põem-se a comer e depois têm bebés muito grandes"...
enfim, só espero nunca mais ver aquela gaja!
Beijinhos

Linhas & Pontos disse...

Olá:

Eu Graças a Deus não encontrei no meu caminho nenhuma enfermeira nem auxiliar "mal disposta" enquanto estive na Maternidade; e espero nunca encontrar...são momentos únicos para nós, tem de ser especiais e em harmonia.

A minha filhota também nasceu a 3 Agosto de 2003; quando puderes vem conhecer-nos em http://mae-e-kida.blogspot.com/

Beijokas Mãe & Kida

Cristina disse...

Arrepio-me só de pensar em estar entregue a pessoal como esse que tu descreves ainda por cima num momento de tanta fragilidade...

Luna disse...

Jesus que coisa, se me calha uma fulana assim ai leva um murro, eu sou das calmas mas quando começam a enervar aia ai não sei não. ainda por cima no momento tão sensivel como parto.
acho que curso enfermagem tb devia incluir curso humanismo que vçs acham?
beijocas
Luna

Unknown disse...

Apesar do meu parto não ter tido o final feliz que eu tanto ansiava que era dar à luz o meu filho de forma natural tive de fazer uma cesariana de urgência ao fim de 12 horas de parto sendo 1 hora de período expulsivo sem epidural só tenho a agradecer a todo o pessoal médico e auxiliar do hospital distrital da Figueira da Foz. Sempre muito carinhosos e atenciosos durante todo o internamento, a enfermeira que esteve ao meu lado até massagens me queria fazer, foi como uma mãe para mim. Apenas a médica de serviço (não foi a minha médica uma vez que entrei em trabalho de parto num dia em que ela não estava de banco) que era também a que estava de serviço quando eu abortei é que deixou um pouco a desejar pela componente humana uma vez que nem falou comigo, nem para me dizer que ia para cesariana. Depois da cesariana ainda me deram um miminho que foi aceder ao meu pedido de ficar numa cama à janela para poder ver o mar e digo aceder porque eu já tinha a cama atribuída ( e não era ao pé da janela); como uma senhora teve alta durante a minha cesariana resolveram preparar essa cama para mim. Quando puderes e se quiseres saber pormenores do meu parto visita-nos.
beijinhos
Cristina